PALAVRAS DO PRODUTOR…
Sim! Ele se pronunciou … depois de alguns tropeços parece que está de pé novamente!
Segue um depoimento de nosso produtor sobre a produção da Álgida:
Pueblo de Diós:
É um texto longo, para os padrões contemporâneos, mas que disserta sobre a filosofia de trabalho que aplicamos (eu e o capitão da banda) na produção de um dos discos deste ano, que está em reta final de ser finalizado, o que pode ser interessante para quem pretende trabalhar comigo ou tem curiosidade sobre o proceder de nosotros.
Trata-se de uma leitura leve, sem linguagem técnica de punheteiro.
Eu pouco falo de qualquer trabalho do ano que não seja o que estou realizando com o Froner. Somos amigos há eras, tocamos juntos em banda de metal e já ficamos mamao’s em alguma ou outra decisão na cancha da capital, além de outros fatores que nos unem neste objetivo que é o disco pronto etc. Mas eu não vou falar sobre o Froner. Não agora.
Estando em vias de finalizar o LONGA-METRAGEM de 17 músicas que é o disco da Álgida, sento e me ponho a pensar neste semestre que passou voando mas, que no caso deste trabalho, começou – ao menos no que tange ao trabalho de produção – antes de o ano mostrar a fuça.
A Álgida sempre foi um destes casos clássicos de bandas que nadam no vetor oposto ao da correnteza. Trata-se de uma banda que faz um som datado e vai continuar a fazê-lo. É a proposta da banda e ponto final.
Pra tornar o troço mais visual, enquanto não jogo uma música por aqui, a banda executa aquele Rock Gótico dos anos 80 e adjacências. Letras que não celebram absolutamente nada à exceção da falta de razões para celebrarmos e a coisa toda.
Mas o interessante sobre este trabalho vem agora:
Apesar de possuir vontade, músicas e até contar com uma certa verba (reduzida, mas, ainda assim uma verba) para investir no trabalho, a gurizada sempre contou, em contrapartida, com a trinca de volantes: falta de conhecimento do estilo, má-vontade e ausência de instrução técnica por parte do produtor/ técnico de estúdio.
Em 2008 eles gravaram um EP chamado Vazio que até é bem bom pra dizer a verdade. Não foi gravado comigo, eu não participei em nada da produção do material, e, mesmo percebendo inegáveis qualidades no troço, comecei a gravação deste disco atual com a seguinte premissa: ser o total oposto do Vazio.
Toda a banda precisa de ajustes antes de começar uma gravação.Há vezes em que a banda sabe muito mais do que você que está produzindo. Há outras em que o produtor sabe muito mais do que você que está tocando. Este era um caso bipolarizado entre o baixista da banda e eu. Ele sabia em parte o que deveria ser feito mas estava protelando pois é um ser humano que respeita as individualidades dentro de um time cujo qual passou os últimos anos suando sangue pra manter de pé.
Achei uma atitude bonita.
Mas eu não sou humano.
Eu não tenho respeito por quem não respeita o que faz.
E, acima de tudo isso, devido à banda ter conseguido um patrocínio via edital de incentivo à cultura, eu estava recebendo – e bem – pra assinar a produção do material.
Sabe no futebol, quando o seu defensor já entregou 1 gol, fez outro contra e erra 50% dos passes que dá (isso só no primeiro tempo). E você quer trocá-lo por um cone de trânsito.
Pois é!
Ao invés de defensor, leia baterista e ao invés de cone de trânsito, leia-se programação de todas as linhas de bateria.
Havia inegável qualidade dentro da estética em que a banda vinha atuando. Infelizmente muita coisa era dissipada pelo direcionamento errado e por incompreensão (eu mesmo, na pré-produção do material devo ter atorado e obliterado mais de 50% das linhas de guitarra, pra só depois compreender que o atleta precisava somente de um pouco de conversa e instrução de ordem técnica que ninguém nasce sabendo).
Mas eu dizia que havia qualidade. E havia um time pronto pra jogar, mas pecando em alguns fundamentos. Dava pra ganhar, mas precisávamos trabalhar em alguns pontos.
Após imputar regime ditatorial, terrorismo e delegar ao capitão da squadra – no caso, o Ânderson – que botasse o time pra praticar severamente nas férias (e programasse as linhas de bateria) saí uns dias de férias.
Começamos as gravações pelo baixo, que foram alinhados às programações de bateria.
Vez dos teclados: teclado de sorvete seco? Teu sonho acabou. Controlador midi! O quê? Nunca usou? Te fode, tu é 10x mais inteligente que eu. Tem duas semanas pra aprender. Se te ajudo? Lógico. Blablablablablablablabla.
Baterias OK
Baixos OK
Teclados OK
Hora das guitarras.
Utilizamos uma Tonante que eu achei no lixo e mandei pro luthier Cléder Peruzzo transformar numa Jazzmaster, trocando TUDO o que tinha além da madeira mais um par de P-90 da Seymour Duncan na captação e uma Epiphone Les Paul Classic Birds Eye 1994.
Amplificação? Plugin.
– Ahhh, mas nada substitui a VÁLVULA…
Cada caso é um caso. E, no caso, o caso era um caso de plugin e não um caso de amp.
Guitarras OK
Vozes estamos por 4 músicas.
Todas as faixas já passaram pelo primeiro estágio de limpeza e edição. Claro que ainda falta bastante coisa (embora não vá demorar muito) mas o que foi completamente recompensador até agora, em meio a todos os problemas que permeiam a gravação de um disco quando seu orçamento não é altíssimo – e que eu omiti aqui somente porque é desinteressante para quem lê – foi o que o capitão da banda me disse em meio a um dos meus Surtos de Timbragem de Bateria:
– Cara… todo o mundo da banda acha que é a melhor coisa que fizemos até hoje…
– Tchê, isso nem mixado não tá…
– Mesmo assim… do jeito que tá agora, já é melhor do que tudo o que gravamos antes. A banda tá bem melhor e facilitou muito o nosso trabalho daqui pra frente.
É recompensador porque não se trata apenas de gravar um disco e fazer o mesmo soar bem dentro da proposta. Foi um trabalho muito mais amplo. Um trabalho de adequação da banda para a característica de seus integrantes. E que não se encerra no fechamento do ciclo deste disco.
Em Julho entrego a master.”
P.S.: Pode ser que nem tudo, seja exatamente como ele relatou… mas quem se importa com isso? Ele sempre diz que NÃO SE IMPORTA!
Anderson
Deixe um comentário